Os quadrinhos são uma forma de arte que combina imagem e/ou texto para contar histórias, expressar ideias e transmitir emoções. Porém se o quiserem, às vezes nada disso!
Crianças e jovens apreciam sua popularidade, porém as escolas frequentemente negligenciam quadrinhos, especialmente no ensino médio e superior. como se sua utilidade se limitasse ao ensino fundamental, onde seu único propósito seria fomentar o hábito de leitura e descartá-los posteriormente quando os alunos, já adultos, pudessem ler “o que realmente importa”. Entretanto, essa visão é equivocada, pois os quadrinhos oferecem muitas possibilidades pedagógicas em diferentes níveis de ensino.
No entanto, os quadrinhos podem ser muito mais do que isso: eles podem ser um material transformador para o ensino, que abre portas para diferentes tipos de educação e leitura, estimulando um pensamento mais crítico, criativo e libertador.
Quadrinhos na Educação: Uma Jornada para a Emancipação
Os quadrinhos podem ser considerados uma forma de leitura não convencional, mas ao contrário do que muitos pensam, essa é a essência de sua força. Muitos quadrinhos requerem que os leitores se envolvam ativamente na construção de significado, envolvendo uma gama de elementos simultaneamente. Isso envolve sentidos visuais e verbais, preenchimento de lacunas entre os quadros e interpretação de símbolos e metáforas, tanto textuais como visuais.
Além disso, aqui eles se colocam como mais uma maneira de pensar sobre diferentes perspectivas. Eles frequentemente desafiam as visões dominantes ou hegemônicas transmitidas em outras fontes de informação, abordando questões sociais, históricas, políticas e culturais.
Dessa forma, os quadrinhos podem contribuir para a formação de um conhecimento emancipatório. Que questiona as verdades impostas, reconhece a diversidade e a pluralidade de vozes e busca a transformação da realidade.
Você pode usar muitos quadrinhos na sala de aula, acredite! Vários quadrinhos podem ocupar horas de citação e aplicação em uma variedade de temas e campos de conhecimento. Mas para começar a apreciar os quadrinhos como valiosos recursos para o ensino, aqui vão três recomendações.
Persépolis, de Marjane Satrapi: é uma autobiografia em quadrinhos que narra a vida da autora, desde a infância até a juventude no Irã, durante e após a Revolução Islâmica . A obra mostra as mudanças políticas, sociais e culturais que ocorreram no país, bem como os conflitos internos e externos vividos pela protagonista.
Angola Janga, de Marcelo D’Salete: Um épico que retrata o Quilombo dos Palmares, uma das várias comunidades formada por pessoas negras escravizadas que fugiram no período do Brasil colonial. A obra aborda as lutas, as resistências, as alianças e as traições que marcaram a história do quilombo. Uma adição esplêndida a uma biografia que por tantos séculos apenas se interessou pela lado dos opressores e suas produções de conhecimento.
O Relatório de Brodeck, de Manu Larcenet: é uma adaptação em quadrinhos do romance homônimo de Philippe Claudel, que conta a história de Brodeck. Um homem encarregado de escrever um relatório sobre o assassinato de um estranho em sua aldeia. A obra explora temas como o medo, a culpa, a violência, o preconceito e a memória.
Estes exemplos ilustram como é possível usar quadrinhos na sala de aula. Outros títulos e gêneros estão disponíveis para enriquecer a experiência, ampliando horizontes e repertórios culturais.