28/03/2025

Automedicação: os riscos e o crescimento dessa prática no Brasil

Essa prática tem gerado uma série de preocupações entre especialistas, já que a automedicação pode mascarar sintomas importantes, dificultando o diagnóstico e o tratamento de doenças mais graves

O aumento preocupante da automedicação no Brasil

De acordo com a Pesquisa de Automedicação do Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico (ICTQ), 89% da população brasileira se automedica, um aumento expressivo em relação a 2014, quando o percentual era de 76%. Além disso, os medicamentos mais consumidos sem orientação profissional incluem analgésicos (64%), antigripais (47%) e relaxantes musculares (35%). Esse hábito, muitas vezes impulsionado pela facilidade de acesso a medicamentos e pela falta de informação, pode resultar em sérios problemas de saúde.

Outro ponto preocupante é que muitas pessoas desconhecem os riscos envolvidos. Como resultado, o consumo excessivo desses medicamentos pode comprometer o funcionamento do organismo e, em alguns casos, causar dependência. Dessa forma, é essencial conscientizar a população sobre os perigos dessa prática.

Os riscos da automedicação e seus impactos na saúde

A automedicação pode mascarar sintomas importantes, dificultando o diagnóstico e o tratamento de doenças mais graves. Segundo Mário Martinelli Júnior, presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado da Bahia, o uso inadequado de medicamentos representa um problema sério. “O consumo excessivo de substâncias pode causar danos hepáticos graves, como no caso do paracetamol, que muitas pessoas tomam sem prescrição e que pode levar a lesões no fígado”, alerta Martinelli.

Além disso, o uso indiscriminado de medicamentos pode provocar reações alérgicas, interações perigosas e até mesmo dependência. Sem acompanhamento profissional, certos remédios podem comprometer o funcionamento do organismo e agravar condições pré-existentes, colocando em risco a qualidade de vida dos pacientes. Por esse motivo, buscar orientação médica antes de iniciar qualquer tratamento é fundamental.

O papel do farmacêutico na prevenção da automedicação

O Conselho Regional de Farmácia destaca a importância da presença do farmacêutico para garantir o uso seguro de medicamentos. A Lei 13.021/2014 estabeleceu que as farmácias são estabelecimentos de saúde e, por isso, devem contar com um farmacêutico durante todo o horário de funcionamento. “Muitas pessoas procuram remédios para aliviar sintomas sem saber que podem ser perigosos quando usados sem orientação. O farmacêutico tem o conhecimento técnico para orientar sobre o uso correto e identificar riscos”, ressalta Martinelli.

Além disso, os profissionais da saúde desempenham um papel essencial na conscientização da população sobre os riscos da automedicação. Com isso, é possível evitar complicações decorrentes do uso inadequado de medicamentos e garantir que os pacientes tenham acesso a informações seguras e confiáveis.

Impactos cardiovasculares e o alerta dos especialistas

A cardiologista Marianna Andrade, especialista pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e doutora em Cardiologia pela FMUSP, também chama a atenção para os riscos cardiovasculares da automedicação. Ela explica que o uso inadequado de certos medicamentos pode provocar alterações na pressão arterial, arritmias cardíacas e agravar condições pré-existentes.

“Medicamentos anti-inflamatórios, por exemplo, podem desencadear distúrbios gastrointestinais e endócrinos, além de sobrecarregar o sistema cardiovascular. O uso indiscriminado desses remédios sem acompanhamento médico pode resultar em complicações sérias, como infartos e AVCs”, enfatiza Andrade.

Portanto, antes de recorrer a qualquer medicamento, é essencial buscar a orientação de um especialista. Dessa maneira, é possível evitar problemas graves e garantir um tratamento seguro e eficaz.

Consulta profissional: um investimento essencial na saúde

Embora a automedicação possa parecer uma solução prática e acessível, os riscos superam os eventuais benefícios. Os especialistas reforçam que qualquer tratamento deve ser realizado com a devida orientação profissional para evitar complicações futuras e garantir a segurança dos pacientes.

“Investir tempo em uma consulta com um médico ou farmacêutico é essencial para evitar complicações de saúde. A saúde deve ser tratada com responsabilidade, e isso inclui o uso consciente de medicamentos”, conclui a cardiologista Marianna Andrade.

Referências Bibliográficas

https://www.rbinfecto.org.br/MENDONÇA, Carlos. O impacto da automedicação no aumento da resistência bacteriana. Revista Brasileira de Infectologia, v. 28, n. 3, p. 145-160, 2024. Disponível em: www.rbinfecto.org.br. Acesso em: 27 mar. 2025.

MARTINELLI JÚNIOR, Mário. Uso irracional de medicamentos e seus impactos na saúde pública. Conselho Regional de Farmácia do Estado da Bahia (CRF-BA), 2024. Disponível em: www.crf-ba.org.br. Acesso em: 27 mar. 2025.

ANDRADE, Marianna. O risco da automedicação para a saúde cardiovascular. Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), 2024. Disponível em: www.cardiol.br. Acesso em: 27 mar. 2025.

New episodes

We publish INTERVAL on DAY at TIME.

Be our guest?