
Essa prática tem gerado uma série de preocupações entre especialistas, já que a automedicação pode mascarar sintomas importantes, dificultando o diagnóstico e o tratamento de doenças mais graves
A automedicação continua sendo um dos maiores desafios para a saúde pública no Brasil. O uso de medicamentos sem prescrição médica tem aumentado de forma alarmante, impulsionado por fatores como estresse, ansiedade, problemas familiares e desemprego. Embora muitas pessoas recorram a essa prática buscando soluções rápidas, os riscos podem ser severos e trazer consequências irreversíveis para a saúde.
O aumento preocupante da automedicação no Brasil
De acordo com a Pesquisa de Automedicação do Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico (ICTQ), 89% da população brasileira se automedica, um aumento expressivo em relação a 2014, quando o percentual era de 76%. Além disso, os medicamentos mais consumidos sem orientação profissional incluem analgésicos (64%), antigripais (47%) e relaxantes musculares (35%). Esse hábito, muitas vezes impulsionado pela facilidade de acesso a medicamentos e pela falta de informação, pode resultar em sérios problemas de saúde.
Outro ponto preocupante é que muitas pessoas desconhecem os riscos envolvidos. Como resultado, o consumo excessivo desses medicamentos pode comprometer o funcionamento do organismo e, em alguns casos, causar dependência. Dessa forma, é essencial conscientizar a população sobre os perigos dessa prática.
Os riscos da automedicação e seus impactos na saúde
A automedicação pode mascarar sintomas importantes, dificultando o diagnóstico e o tratamento de doenças mais graves. Segundo Mário Martinelli Júnior, presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado da Bahia, o uso inadequado de medicamentos representa um problema sério. “O consumo excessivo de substâncias pode causar danos hepáticos graves, como no caso do paracetamol, que muitas pessoas tomam sem prescrição e que pode levar a lesões no fígado”, alerta Martinelli.
Além disso, o uso indiscriminado de medicamentos pode provocar reações alérgicas, interações perigosas e até mesmo dependência. Sem acompanhamento profissional, certos remédios podem comprometer o funcionamento do organismo e agravar condições pré-existentes, colocando em risco a qualidade de vida dos pacientes. Por esse motivo, buscar orientação médica antes de iniciar qualquer tratamento é fundamental.
O papel do farmacêutico na prevenção da automedicação
O Conselho Regional de Farmácia destaca a importância da presença do farmacêutico para garantir o uso seguro de medicamentos. A Lei 13.021/2014 estabeleceu que as farmácias são estabelecimentos de saúde e, por isso, devem contar com um farmacêutico durante todo o horário de funcionamento. “Muitas pessoas procuram remédios para aliviar sintomas sem saber que podem ser perigosos quando usados sem orientação. O farmacêutico tem o conhecimento técnico para orientar sobre o uso correto e identificar riscos”, ressalta Martinelli.
Além disso, os profissionais da saúde desempenham um papel essencial na conscientização da população sobre os riscos da automedicação. Com isso, é possível evitar complicações decorrentes do uso inadequado de medicamentos e garantir que os pacientes tenham acesso a informações seguras e confiáveis.
Impactos cardiovasculares e o alerta dos especialistas
A cardiologista Marianna Andrade, especialista pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e doutora em Cardiologia pela FMUSP, também chama a atenção para os riscos cardiovasculares da automedicação. Ela explica que o uso inadequado de certos medicamentos pode provocar alterações na pressão arterial, arritmias cardíacas e agravar condições pré-existentes.
“Medicamentos anti-inflamatórios, por exemplo, podem desencadear distúrbios gastrointestinais e endócrinos, além de sobrecarregar o sistema cardiovascular. O uso indiscriminado desses remédios sem acompanhamento médico pode resultar em complicações sérias, como infartos e AVCs”, enfatiza Andrade.
Portanto, antes de recorrer a qualquer medicamento, é essencial buscar a orientação de um especialista. Dessa maneira, é possível evitar problemas graves e garantir um tratamento seguro e eficaz.
Consulta profissional: um investimento essencial na saúde
Embora a automedicação possa parecer uma solução prática e acessível, os riscos superam os eventuais benefícios. Os especialistas reforçam que qualquer tratamento deve ser realizado com a devida orientação profissional para evitar complicações futuras e garantir a segurança dos pacientes.
“Investir tempo em uma consulta com um médico ou farmacêutico é essencial para evitar complicações de saúde. A saúde deve ser tratada com responsabilidade, e isso inclui o uso consciente de medicamentos”, conclui a cardiologista Marianna Andrade.
Diante disso, é imprescindível que a população busque informações confiáveis e siga as recomendações de profissionais qualificados. Assim, é possível evitar complicações graves e promover uma vida mais saudável e equilibrada. Além disso, adotar uma postura preventiva em relação ao uso de medicamentos contribui para a redução dos impactos negativos da automedicação na sociedade.
Referências Bibliográficas

Junio Pedroza, Apaixonado por documentários e investigações. Em formação como jornalista e com foco em comportamento humano para revelar a verdade.