Em resposta às declarações de Macron sobre a defesa da Europa, Moscou afirma que o presidente francês busca prolongar a guerra na Ucrânia.
A Rússia criticou duramente o presidente francês, Emmanuel Macron, após seu discurso na quarta-feira (6), no qual ele classificou a Rússia como uma ameaça à Europa e sugeriu a possibilidade de usar o arsenal nuclear francês como uma força de dissuasão para proteger os aliados europeus. Moscou acusou o presidente francês de fazer “chantagem nuclear” e afirmou que suas palavras indicam uma postura combativa em vez de uma busca por paz.

Em seu pronunciamento, Macron destacou a crescente ameaça russa e a necessidade de uma resposta europeia unificada, defendendo a possibilidade de estender a proteção nuclear da França a outros países do continente. Ele também criticou a administração Trump e o alinhamento de Washington com Moscou, além de ressaltar o rearmamento militar da Rússia, que planeja aumentar seu exército até 2030.
Reação de Moscou
A proposta de Macron gerou uma reação imediata de Moscou. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou que as ambições nucleares da França são “uma chantagem nuclear”, e que a ideia de Paris se tornar o “patrono nuclear” da Europa não fortaleceria a segurança de seus aliados. Para a Rússia, a retórica de Macron representa uma ameaça direta ao país, e a Rússia considera a proposta “altamente combativa”.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, também condenou as declarações de Macron, dizendo que elas representam uma ameaça à Rússia e são mais um reflexo da postura belicista da França. Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, foi ainda mais enfático, afirmando que as palavras de Macron indicam uma intenção clara de prolongar a guerra na Ucrânia, em vez de buscar uma resolução pacífica para o conflito.
Europa e Ucrânia x Russa
Em sua fala, Macron não só defendeu a unidade da Europa em torno da proteção da Ucrânia, mas também sugeriu a possibilidade de usar o arsenal nuclear francês para dissuadir a Rússia. “Respondendo ao chamado histórico do futuro chanceler alemão [Friedrich Merz], decidi abrir o debate estratégico sobre a proteção de nossos aliados no continente europeu por meio de nossa dissuasão nuclear”, afirmou Macron. Ele destacou, no entanto, que a decisão sobre o uso do arsenal sempre permaneceria sob sua autoridade como chefe das Forças Armadas.
Moscou, por sua vez, reagiu com forte oposição a qualquer tentativa de envio de tropas pacificadoras da Otan à Ucrânia, considerando tal movimento como uma entrada oficial dos países da Otan no conflito. Peskov alertou que a resposta da Rússia seria “óbvia para todo mundo”, referindo-se à ameaça de uso de armas nucleares.
O papel da França na segurança europeia
A proposta de Macron de estender a proteção nuclear francesa vem em um momento de crescente insegurança na Europa, especialmente após a saída do Reino Unido da União Europeia, o que deixou a França como o único país do bloco com um arsenal nuclear. A França, sob a liderança de Macron, tem fornecido apoio militar à Ucrânia, incluindo armas, e não descarta a possibilidade de enviar tropas para garantir a implementação de um eventual acordo de paz.
O governo francês também anunciou que, na próxima semana, Macron realizará uma reunião com os chefes das Forças Armadas de países europeus dispostos a enviar tropas à Ucrânia após um possível cessar-fogo com a Rússia.

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