Jornalismo Comunitário Transforma a Vida de Jovem em Paraisópolis
Paraisópolis, SP – Aos 17 anos, Guilherme Silva Santos vive em Paraisópolis, um dos maiores bairros periféricos da capital paulista. Nascido e criado na comunidade, ele sempre teve uma visão tranquila da sua vida cotidiana. “Aqui, tenho acesso a tudo que preciso, desde farmácias até espaços culturais como o Pavilhão do G10”, conta. Porém, tudo mudou quando ele teve a oportunidade de participar do Repórter Paraisópolis, um projeto realizado pelo Hospital Israelita Albert Einstein.

O jovem, que sonha em cursar engenharia de produção, nunca imaginou que a experiência com o jornalismo comunitário mudaria sua percepção sobre sua própria realidade. Guilherme foi convidado por sua amiga Nicolly para se inscrever no projeto. “Achava que aprenderia um pouco sobre comunicação e jornalismo, mas acabei descobrindo algo muito mais profundo”, revela.
O Impacto do Repórter Paraisópolis
No decorrer do programa, Guilherme aprendeu sobre a importância do jornalismo comunitário, que se faz “pela comunidade e para a comunidade”. Além de entender a apuração e checagem de informações, ele se aprofundou nos problemas locais, como a precariedade da infraestrutura e a falta de saneamento básico, questões que impactam diretamente a saúde e qualidade de vida dos moradores.
“Antes, eu não via esses problemas tão claramente, mas agora, entendo que sou capaz de agir para melhorar o lugar onde vivo”, afirma. Ele destaca que o projeto também ensinou a combater as fake news e a identificar fontes confiáveis, algo que ele considera essencial para a formação de uma sociedade mais informada.
O Processo de Aprendizagem
Guilherme destaca uma das principais lições do projeto: o desenvolvimento do “faro jornalístico”. Ao longo das aulas e oficinas, ele adquiriu habilidades de apuração, construção de texto e oratória, além de melhorar sua postura em entrevistas e reportagens em vídeo. “Aprendi que para transmitir uma notícia, é fundamental ter certeza de sua veracidade, buscando sempre a fonte primária”, explica.
Uma das atividades do projeto foi o “Fala, Povo”, onde os participantes entrevistaram os moradores de Paraisópolis para entender suas preocupações sobre saúde e bem-estar. Além disso, visitaram o Centro de Ensino e Pesquisa do Einstein para compreender como o conhecimento gerado pela instituição pode beneficiar a comunidade.
O Desafio de Produzir Reportagens
Como parte da conclusão do projeto, Guilherme precisou escrever uma reportagem, mas sua empolgação o levou a produzir duas. A primeira aborda os benefícios da relação entre animais de estimação e a saúde mental dos tutores, e a segunda trata dos benefícios da prática da corrida, temas altamente relevantes para a comunidade. Ambas serão publicadas na próxima edição da revista +Saúde na Quebrada, distribuída em Paraisópolis.
Ao refletir sobre a importância das reportagens, Guilherme compartilha: “As matérias feitas por meus colegas já me impactaram. Agora, espero que minhas reportagens também possam influenciar positivamente a vida de mais pessoas.”
Ampliando Horizontes
Apesar de seu sonho de ingressar na engenharia, Guilherme reconhece que o Repórter Paraisópolis ampliou seus horizontes. “Nunca pensei em seguir carreira na comunicação, mas agora me vejo atuando em áreas relacionadas”, diz ele. Para ele, o mais importante é que a experiência lhe permitiu entender o impacto que a informação de qualidade pode ter na vida de sua comunidade.
Ao concluir, Guilherme reforça a importância da qualificação da informação: “Em Paraisópolis, muitas vezes as notícias chegam distorcidas, especialmente sobre saúde. O projeto me ajudou a perceber como posso fazer a diferença, espalhando informação verdadeira e útil.”

Jornalista especialista em jornalismo comunitário, apaixonado por dar voz à comunidade. Acredito no poder da conversa para transformar realidades e conectar pessoas.