A ansiedade é uma doença silenciosa

 Antes de tudo, quero ressaltar a importância de se falar mais sobre o assunto em escolas, igrejas, comunidades enfim. Pois, é interessante como o assunto ansiedade ainda  gera desconforto, e parece não ser algo bem vindo para se discutir. Ansiedade é uma doença silenciosa, e que exige atenção.

   Dados da OMS sobre ansiedade

De antemão, já adianto que inúmeros são os casos sem diagnóstico. A princípio, de acordo com a Organização Mundial de Saúde(OMS), 86% da população brasileira sofrem com algum transtorno mental. Inclusive a ansiedade que atinge cerca de 9,3% da população.

Trabalhando em uma escola pública, e em contato com faixas etárias diversas, percebo que este número pode ainda ser muito maior. Vários casos de crianças com comportamento, que caracteriza alguma dificuldade emocional, e sem diagnóstico. E o curioso é que, na maioria dos casos, é notório a possibilidade de hereditariedade direta(pai/mãe e filho).São inúmeros os casos em que a família tapa os olhos para uma realidade tão presente. Afinal, se a ferida está protegida não se vê, mesmo que doa.

O descontrole na ansiedade por não ter cuidado adequado

 Andando um pouco nas ruas, usando transporte coletivo, enfrentando o trânsito e até mesmo em filas podemos ver total descontrole das pessoas. O mal está ali, coberto, mas está. E enquanto isso, os rastros de prejuízos são deixados onde passam.

 Em contrapartida a esta situação, existem muitos meios de ajuda psicológica. Sabendo desta necessidade, escolas,  igrejas e outros voluntários disponibilizam ajuda a pessoas que precisam. Muitas vezes, sem nenhum custo, ou com  baixo investimento.

Trechos de uma vida real 

 Vamos falar  mais, especificamente, sobre ansiedade.É uma doença silenciosa, que se não tratada, leva a caso crônico e a outras doenças oportunistas. A pessoa que vos escreve teve uma vida muito “independente” desde muito cedo.  Aos 8 anos de idade, já alfabetizada (meu pai fez isso, com maestria), demonstrei o interesse de estudar. Vivíamos na roça(zona rural), e não tinham escolas por perto. Decidimos que eu viveria com familiares na cidade para estudar. E então iniciaria, uma saga, bem dolorida por sinal. Me lembro de um dia em que fui com algum conhecido dos meus pais para a casa de uma prima. No caminho, não sei o que aconteceu com o carro. Um  trecho barroso que tive que enfrentar, não me lembro por qual razão eu estava só (imagino que as pessoas estivessem por perto, claro), lembro que metade da minha perna caiu em um buraco cheio de barro. 

Mas, sobrevivi gente, afinal estou aqui narrando e revivendo esse momento(risos).

  Novas mudanças, mas tudo continuava igual

 E assim, foram várias e várias famílias(parentes) que passei. Mudei de cidade, lembro de ver minha mãe chegando e eu avistando de longe, mas sem meu pai(aquele dia foi triste).

 Ao completar 13 anos e meu irmão 12, fomos morar sozinhos na cidade para eu continuar estudando. Como fui julgada! Uma menina que tinha responsabilidades de mãe e criticada por deixar as roupas de molho por tempo “incorreto” e brincar de “queimada”(bola rs).

 Bipolaridade, mais mudanças 

Logo mais adiante, descobrimos a bipolaridade no meu irmão, e como ele precisava ser cuidado, agora já morando com meus pais aos 14 para 15 anos de idade. Novamente, me tornei a “mãe da casa”, cuidava de tudo, estudava,  lavava e passava no trabalho da minha mãe para conseguir manter as despesas da casa, e os manter em Goiânia e Brasília buscando soluções para meu irmão.

Ansiedade: uma espera desesperada pelo futuro

 Enfim, trouxe aqui um breve resumo para entenderem de onde, provavelmente, veio a mim a terrível ansiedade. Afinal, estava lotada de excesso de futuro, uma 

busca e espera por dias melhores. Sim, a ansiedade nada mais é que uma espera  desesperada pelo futuro, sem direito a viver o agora. Diante disso quero te trazer alguns pontos a serem observados: 

. A ansiedade, na maioria das vezes, são vivências mal resolvidas na infância e adolescência.

. Ansiedade não é frescura, não é alguém querendo jogar suas frustrações em um monstro oculto.

. Proteger a infância e a adolescência é um papel de todos, mas sob os pais está o dever de se atentar a detalhes, defender, orientar e proteger. Roer unha é bobeira! Não, não é. É uma forte evidência que algo precisa ser olhado.

. Para este mal existe tratamento contínuo, não cura. 

. Não passa sozinho com o tempo, é como se fosse uma panela de pressão e estourará  em algum momento.

O não tratamento te transforma em uma máquina de sintomas

 O não tratamento leva a pioras como: Transtorno de pânico, Transtorno de ansiedade generalizada(TAG), depressão e muitos outros males. Um emaranhado de emoções, sensações e desafios invadem e tomam conta de tudo. O portador da doença passa a ter problemas físicos, alteração nos batimentos cardíacos, queda na oxigenação no sangue, tonturas, alteração do apetite, visão embaçada, imunidade baixa e muito mais. Na real você se transforma em uma máquina de sintomas, sensações, emoções e afins.

 

A ansiedade é uma doença silenciosa: ferramentas de suporte

No entanto, existem várias ferramentas de suporte para momentos de crises, e para ter uma vida mais leve. Sobretudo, não são buscadas como deveriam . Por exemplo, meditação (link meditação), músicas  e técnicas de respiração, e você poderá acessar estes conteúdos de forma gratuita, ou com baixo investimento.

 

 Portanto, não deixe a sementinha germinar, enraizar e depois derrubar seus muros de proteção, e em muitos casos até a perda total da casa. 

Cuide, busque ajuda. Só reforçando: a ansiedade é uma doença silenciosa. Aaah, nem sempre essa ajuda virá das pessoas mais próximas, infelizmente. O importante é não se entregar às mentiras que  nossa mente cria, recria e enfatiza diariamente.(risos)

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