Não se trata de tradição

As duplas europeias não possuem tradição na modalidade, mas se tornaram as melhores do mundo.

Por: Maria Clara Sales, AlfaJornal

André e George jogando contra os norte-americanos, na elite 16 em Uberlândia, Praia Clube (Minas Gerais).

O vôlei de praia é um esporte que tem ganhado grande proeminência, não apenas no Brasil ou nos Estados Unidos, que eram os principais concorrentes. O Brasil está enfrentando uma situação desafiadora no vôlei, tanto na praia quanto na quadra, em nível internacional. Por duas décadas, o Brasil ocupou o primeiro lugar no ranking da Federação Internacional de Vôlei, no entanto, esse domínio chegou ao fim.

A seleção brasileira de vôlei, tanto no masculino quanto no feminino, vem obtendo resultados negativos diante de seleções consideradas teoricamente mais “fracas”. Por exemplo, jogadores de vôlei, responsáveis pelas conquistas anteriores, argumentam que o “Brasil se acostumou mal após permanecer no topo durante 20 anos”, o Brasil por anos foi a principal referência do voleibol mundial. O panorama internacional evoluiu consideravelmente, países que antes não tinham muito costume de participar de competições internacionais estão conseguindo se destacar.

Assim, no vôlei de praia, a mais notável conquista do Brasil em competições internacionais foi a bem-sucedida obtenção da medalha de prata pela renomada dupla número 1 do mundo, composta por Ana Patrícia e Duda, no recente campeonato mundial realizado no México. Na final, foram derrotados por uma dupla norte-americana formada por Sara Hughes e Kelly Cheng.

Ana Patrícia e Duda, no elite 16 em Uberlândia, Praia Clube (Minas Gerais).

A situação no vôlei feminino está mais estável do que o masculino. A última vez que o brasil conquistou um campeonato mundial, foi em 2022 com Ana Patrícia e Duda, porem com os homens a última conquista foi em 2017, com Evandro e André.

A tradição no vôlei ainda se faz notável, entretanto, os países desprovidos dessa tradição estão ascendendo como os melhores do mundo. Um grande exemplo disso são as duplas europeias que se sobressaem nos torneios internacionais, como os noruegueses que lideram o ranking da FIVB (Federação Internacional de Vôlei). Muitos duvidaram que um país “gelado”, onde o clima é o fator predominante e sem tradição na modalidade, pudesse gerar a dupla de maior domínio nas areias.

Anders Mol, durante o campeonato da elite 16 em Uberlândia, Praia Clube (Minas Gerais).

Os noruegueses, Anders Mol e Christian Sorum, atualmente ostentam os títulos de campeões olímpicos, mundiais e europeus. Desde 2018, eles têm alcançado conquistas sem precedentes. Além dos “vikings”, como são conhecidos pelo público em geral, a jovem dupla sueca e os experientes checos, que há duas semanas conquistaram o título mundial sobre os suecos.

Apesar de haver uma crença de que países tropicais têm mais tendência a possuir mais duplas de jogadores ou acumular mais títulos, isso foi quebrado durante quatro anos. Os países europeus foram os que mais venceram nesse período de tempo, sobretudo em locais onde o frio predomina, como Rússia e Noruega. Ambos os países que disputaram o ouro olímpico em Tóquio 2021, com a vitória dos noruegueses.